quinta-feira, 26 de junho de 2014

Conto dos Quatro Elementos

Respiro forte,
ouço o barulho da água.
Respiro mais forte,
e deixo fluir.

Agora é só contar até 10,
aaah! Já posso respirar de novo,
não como antes,
nunca vai ser como antes,
nada vai ser como eu estava acostumado.
Pelo menos, pelas próximas horas.

Deitado, vejo a escuridão da minha mente,
como nunca vi antes, tudo está diferente,
mais escuro, mais medonho, mais eu.
Passado, presente e futuro se tornam um,
pra que eu possa entender a minha vida.
E lá vou eu de novo.

Respiro forte,
dessa vez acompanho a água,
é como se eu pudesse sentir a água sumindo,
é como se eu fizesse parte da fumaça que a água vira.
Minha mente pede meu corpo,
e meu corpo pede cama,
me deitei.

Levanto ouvindo vozes,
nem todas eram das pessoas presentes,
algumas vozes eram únicas, eram minhas.
Minhas milhares de vozes se separaram em talentos,
desenhei, escrevi, pensei,
como as vozes me mandaram fazer.
 E eu fui de novo.

Respiro forte,
dessa vez sem a água, ela já não fazia sentido,
já tinha feito seu trabalho, já tinha me feito.
Sinto todos as minhas vozes voltando pra mim,
todos os "Eus" perdem o sentido quando separados,
mas quando juntos, eu escolho a falta de sentido.

Meu corpo pede minha mente, 
minha mente pede descanso,
me deito,
respiro,
respiro,
e durmo.

Lucas Dantas de Oliveira

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Rumores da fé

Te conheci no vinho,
vi seu corpo no pão.
Segui seu caminho,
compreendi sua visão.

Pai nosso,
que estás no céu,
será que já posso finalmente,
romper este véu?

És soberano,
tem todo poder do mundo,
já eu sou profano,
com um ceticismo profundo.

Lembro de ti,
e do tal sacrifício na cruz,
mas não te vejo aqui,
por onde andas Jesus?

Não peço que faça sentido,
só quero que seja justo.
pra cada ser humano perdido,
será que o preço é justo?

Já que nos ama tanto,
por que não nos leva pra mais perto?
As vezes sinto que nosso pranto,
é o que entendes como certo.

Lucas Dantas de Oliveira
 

domingo, 15 de junho de 2014

36 dias no deserto

Vejo,
nos olhos dela,
meu reflexo,
meu sucesso,
meu retrocesso,
meu fim.
 
Confronto,
aquela imagem,
a sua imagem,
a minha imagem,
reflito meu conflito
e rezo.
 
Me perco,
na imensidão,
do seu sorriso,
das suas lágrimas,
do seu desespero,
sinto dor.
 
Entendo,
a visão,
o conflito,
o caminho,
o desvio
e a dor.
 
Vejo,
nos olhos dela,
meu reflexo,
meu sucesso,
meu retrocesso,
minha cura!
 
 
Lucas Dantas de Oliveira

Te esconjuro


Cale-se!
Já passou do tempo de alguém te parar,
não há um ser vivo que aguente suas palavras,
ninguém mais quer te escutar.

Perdoe a minha sinceridade,
mas não me arrependo dessa atitude,
se estiver se sentindo reprimido.
Oh céus, Deus te ajude!

Ainda me lembro do tempo que perdi,
porque me ajuda a aproveitar o tempo que ganhei,
cálculo hoje os meus sorrisos,
pelo tempo que tanto chorei.

Você lembra de como éramos,
caminhávamos juntos, éramos perfeitos.
Você moldou minha lógica,
meus mistérios e meus preconceitos.

Mas já chega!
Basta da sua discórdia na minha vida,
talvez tenha de te matar todos os dias,
já que você não encontra a saída.

Que seja dessa forma,
farei de tudo pra vencer esse desafio,
travarei uma batalha épica,
contra meu próprio lado sombrio.


Lucas Dantas de Oliveira


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Blackout

 Blackout

Descubro nos olhos de um rapaz tímido, o fim do meu blackout interior. Blackout que lutei por anos manter, afinal, sou frágil demais pra me manter lembranças boas que eu sabia que não voltariam. Esqueci desse rapaz, esqueci dos amigos... Esqueci. Por achar mais simples, por achar menos doloroso, segui sem memórias em um caminho cheio de pessoas desertas. Mas, de repente, me deparo com uma ponta de luz. Ela. Que me fez ver que meu blackout era vazio demais pra ser mantido pela pessoa que eu demonstrava ser: alegre, sem medo de nada, pronta pra dar a cara a tapa. Então, na madrugada de uma quinta-feira, comecei a dar vida ao fim do meu blackout desnecessário e me deparo com aqueles olhos de volta em meus pensamentos. Olhos que tanto neguei mas... Queria de volta. E me pergunto: por que não voltar? Feito. Uma solicitação são suficientes pra começa arrebentar de vez o laço (que já se tornara afetivo) com meu blackout. Algumas horas depois a mensagem dele. Simples, dizendo que eu continuava linda mas senti nas profundezas daquela singela mensagem, o grito dele. Era na mesma frequência do meu. Se não fosse mais alto! "Te quero de volta", li nas entrelinhas de todas as frases que ele me mandava. "Mas não. Impossível. Ele não poderia me querer de volta", gritava meu blackout se sobrepondo sobre a luz que aqueles olhos tímidos traziam. Acreditei. Como sempre fiz. Meu blackout me toma de novo. Até a madrugada de sexta-feira, quando nos falamos por telefone e ele realmente grita que me quer. Tento escutar meu blackout pra que ele me certifique que aquele rapaz é só um sonho. Não escuto nada. Tremo. Mas, meu lindo rapaz clama por mim de novo e percebo que não preciso mais da voz do meu blackout. A claridão que a voz dele me transmite é suficiente. 


Lua Corbetta

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Perfeitas mulheres perfeitas

     

             No interior da cidade onde nasci, falava-se muito de 3 mulheres, uma ruiva, uma morena e uma loira. Segundo os rumores elas eram um pouco mais que perfeitas, diziam que seus olhos eram encantadores, e que já conquistavam os homens, quase como a medusa, porém o que realmente os deixavam duros como pedra era o corpo escultural de cada uma delas. Ninguém sabe ao certo como elas se conheceram, e desde quando andam juntas, só sabem que eram maravilhosas, e que não sobrava um casamento com elas por perto. Diziam que o sorriso delas pedia um beijo, que o nariz pedia um perfume e que seus ouvidos pediam hinos e serenatas, se a perfeição pudesse ser personificada, seria elas... bom não é pra tanto, porque como todo ser humano, elas também tinham seus defeitos, mas vamos falar só de um de cada, porque um era o suficiente pra tirarem os homens do feitiço da paixão, então vamos por partes.
              Primeiro, vamos falar da ruiva, pra começar ela tinha um nome, tão lindo quanto ela, Selena. Ela era a mais nova do trio, e era uma raridade na cidade, uma ruiva natural, tinha até aquelas sardas no rosto, que a deixava ainda mais linda. Mas como eu disse antes, nem tudo são flores, e foi na 13ª festa junina da minha cidade que Selena revelou o seu defeito, ela estava com uma saia xadrez com alguns remendos pra entrar no clima, e uma camisa do seu time de coração, um verde bonito com detalhes em branco, foi assim que nossa querida Selena revelou que torcia pro... Palmeiras... logo após essa festa, acabou a fama da ruiva, e com isso, toda a perfeição que viam nela.
              Mas não era só a ruiva que deixava a desejar, nossa morena, Paola também não era perfeita. Apesar de estar sempre bem vestida, e sempre na moda, ela guardava algo escondido a mais que sete chaves. Ninguém diria ao olhar pra Paola que ela calçava 43... (momento de silêncio para a tristeza), ninguém diria, ninguém reparava, todos observavam sua altura, era uma morena de quase 2 metros de altura, mas o seu pé... Que horror!!!! Desde que o primeiro homem que reparou no pé dela comentou com toda a cidade, Paola perdeu seus tempos de glória, e eu ouvi dizer que alguns a chamavam de "Pézuda".
              Logo após suas amigas perderem o trono, algo ficou explícito na vida da nossa loira, a Renata. Ela começou a ir sozinha nos bares, nas boates, nos clubes, mas não era a mesma coisa, apesar de linda e bem arrumada, a loira não passava mais o brilho de antes, e com o tempo começou a diminuir nas saídas, até que quando percebeu, estava no fundo do poço, assistindo Domingão do Faustão com a Paola e a Selena no sofá de sua casa, foi quando sem nenhuma maquiagem no rosto, suas amigas perceberam:

- UUUUUM BIIIIIICHOOOOOOOOOOO!!!!

              Mas na verdade era uma verruga que Renata escondia com toneladas de maquiagem logo embaixo do seu olho esquerdo. Assim acabou a fama das 3 mulheres mais lindas do interior da minha cidade, foram perfeitas até o momento que descobriram suas imperfeições, mas foi quando estavam quase em estado depressivo diante de tudo que haviam passados que um homem lhes bateu a porta, o nome dele era Leonardo, mas aqui eu vou chama-lo de Homem Ideal, que pegou as 3 pelo braço, e abraçando tudo que elas tinham inclusive o que ia contra o padrão de beleza estipulado pela sociedade, e foi descobrir o que elas tinham a oferecer de verdade. Selena se formou e hoje é psicóloga, Paola se tornou diretora de cinema e Renata entrou pra política lutando pelos direitos iguais a todos. Bom, ninguém mais ouviu falar delas como donas do sorriso mais lindo do mundo, e do corpo perfeito, mas desde que o Homem Ideal entrou na vida delas, passaram a se valorizar como inteligentes, amigas e guerreiras, construindo assim sua nova e muito mais bela fama.


Lucas Dantas de Oliveira

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O Depois

O Depois - Lua Corbetta

"Se abre, coração por que assim que é bom.
Escancara tua voz, libera tua emoção.
Chega! Não prende mais, não.
Grita na rua, dança na chuva, fuma na praia...
Faz a porra toda sem se arrepender depois!
Até por que, o que é o depois?
Outra vida, pra outras chances?
Será? Prefiro não me arriscar.
Vou tentar nessa aqui mesmo,
sem medo de me machucar e,
se eu tombar, se segura baby,
por que já estarei prontinha pra levantar."