quarta-feira, 11 de junho de 2014

Blackout

 Blackout

Descubro nos olhos de um rapaz tímido, o fim do meu blackout interior. Blackout que lutei por anos manter, afinal, sou frágil demais pra me manter lembranças boas que eu sabia que não voltariam. Esqueci desse rapaz, esqueci dos amigos... Esqueci. Por achar mais simples, por achar menos doloroso, segui sem memórias em um caminho cheio de pessoas desertas. Mas, de repente, me deparo com uma ponta de luz. Ela. Que me fez ver que meu blackout era vazio demais pra ser mantido pela pessoa que eu demonstrava ser: alegre, sem medo de nada, pronta pra dar a cara a tapa. Então, na madrugada de uma quinta-feira, comecei a dar vida ao fim do meu blackout desnecessário e me deparo com aqueles olhos de volta em meus pensamentos. Olhos que tanto neguei mas... Queria de volta. E me pergunto: por que não voltar? Feito. Uma solicitação são suficientes pra começa arrebentar de vez o laço (que já se tornara afetivo) com meu blackout. Algumas horas depois a mensagem dele. Simples, dizendo que eu continuava linda mas senti nas profundezas daquela singela mensagem, o grito dele. Era na mesma frequência do meu. Se não fosse mais alto! "Te quero de volta", li nas entrelinhas de todas as frases que ele me mandava. "Mas não. Impossível. Ele não poderia me querer de volta", gritava meu blackout se sobrepondo sobre a luz que aqueles olhos tímidos traziam. Acreditei. Como sempre fiz. Meu blackout me toma de novo. Até a madrugada de sexta-feira, quando nos falamos por telefone e ele realmente grita que me quer. Tento escutar meu blackout pra que ele me certifique que aquele rapaz é só um sonho. Não escuto nada. Tremo. Mas, meu lindo rapaz clama por mim de novo e percebo que não preciso mais da voz do meu blackout. A claridão que a voz dele me transmite é suficiente. 


Lua Corbetta

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